terça-feira, 20 de julho de 2021

Lendas CIMTB Michelin: Ulan Galinski

 Por Pedro Parisi, de Belo Horizonte

Ulan Galinski não precisou de muitos anos no mountain bike para virar uma Lenda da CIMTB Michelin. Com 22 anos ele já conquistou o primeiro título da mais importante competição de mountain bike do Brasil, com a vitória da última etapa da temporada de 2020. Agora ele figura entre os grandes mountain bikers do país, e com um futuro promissor pela frente.

A formação diferente, entre artistas do Circo do Capão, na Chapada Diamantina, na Bahia, com certeza fez diferença na mentalidade de atleta de Ulan - muito focada e criativa, o que garante a necessidade de constante de evolução. “Desde muito cedo eu entendi a importância da disciplina no circo, na capoeira, no jiu-jitsu, no futebol... Todos eles falavam sobre disciplina e evolução”, conta. Os pais de Ulan, a brasileira Maryanne Bastos e o francês Jean Paul Galinski, administram o Circo do Capão, descrito por eles como “um espaço de cultura, lazer, entretenimento, artes circenses, dança, teatro, música e tudo que a sua imaginação e a nossa lona couberem”.

 

O atleta conta que sempre teve muita liberdade no Vale do Capão, onde nasceu e viveu durante a infância e adolescência. A exploração e o contato constante com a natureza o estimularam a praticar vários esportes e atividades diferentes. A bicicleta sempre esteve presente, desde os cinco anos de idade. Mas foi quando viu os dois ídolos Baianos Alexandre Arthur e Amilton Marques que o coração decidiu que o Mountain Bike era o caminho a ser seguido.

Em 2014, movido pela curiosidade, Ulan pedalou 90 quilômetros, de sua casa até Mucugê para assistir uma competição de ultramaratona. “Foi a primeira vez que vi e conheci o Henrique Avancini, além de vários outros atletas que viviam do mountain bike. E eu fiquei muito empolgado porque aquilo era a prova de que é possível viver disso”, lembra.

A partir de então, ele fez uma vaquinha com a família para comprar uma bicicleta e começou a treinar seriamente. Nesse período, contou muito com a ajuda de amigos e com o próprio talento, até ganhar o campeonato baiano em 2015. “Com pequenos apoios eu competia nas provas e campeonatos. Em uma das competições, conheci o Maurício Cruz, que tinha o projeto "adote um atleta". Eu encontrei com ele em uma competição e pedi um apoio. Inicialmente ele não conseguiu, mas depois disso eu ganhei duas competições e ele me ofereceu esse suporte”.

O ano de 2016 também foi transformador para Ulan. Pela primeira vez ele participou de uma competição de nível nacional: a etapa de São João del Rei da CIMTB Michelin. Ele ficou frustrado com a 12ª colocação, mas prometeu afinar as pernas até a próxima etapa em Congonhas. Alguns meses depois, cumpriu a promessa e venceu a grande final na categoria Júnior. “As competições da Copa Internacional são, na maioria das vezes, na região sudeste, o que dificultava muito a logística para nós, baianos. Para conseguir viajar eu tive que fazer uma rifa de um quadro de mountain bike”, lembra Ulan.

Com essa vitória de visibilidade nacional, uma equipe o convidou para fazer um teste durante o ano de 2017. “Eles me convidaram para confirmar que eu teria uma consistência de bons resultados ao longo do ano todo. Caso eu conseguisse, eu teria uma vaga no time nacional sub-23 da equipe”.

Com muitos pódios e vitórias, Ulan fechou seu primeiro contrato de ciclista profissional no início de 2018. “Foi o momento mais feliz da minha vida. Conquistei minha independência financeira. Eu considero uma das maiores dádivas da vida poder viver do que escolheu”.

De lá para cá, o atleta foi se desenvolvendo fisicamente e mentalmente, e chegou em uma maturidade difícil de encontrar para alguém com essa idade. “Tendo convivido com muitos artistas e participando da vida cultural, eu acredito muito no poder social do esporte. Nós atletas somos vitrine. A gente é exemplo para comunidade. Então a gente tem que ter uma boa postura e ser um exemplo não só nas competições, mas como ser humano. Ter essa conduta ética e ter a capacidade de se comunicar bem para passar as mensagens certas. Isso que é importante para o esporte no Brasil”, avalia.

Essa percepção global do que representa ser um atleta chamou a atenção de um dos atletas mais completos do país, e maior representante do mountain bike no Brasil. Em 2020, Ulan foi convidado por Henrique Avancini para integrar sua equipe de desenvolvimento em Petrópolis, com uma estrutura de ponta, com equipe de profissionais multidisciplinares, equipamentos de alto nível e mentoria de Avancini. “Eu acho que ele não me chamou pelos resultados, mas pela minha visão de querer sempre me desenvolver e entender o processo do que é ser um atleta profissional. Por eu entender o que o esporte significa”.

Estar numa equipe organizada em 2020 foi crucial para qualquer atleta. As competições foram interrompidas em março, e a falta de exposição gerou nervosismo na cena do MTB. “Eu tinha sido 3º na Elite da CIMTB Michelin em Araxá, depois tive um resultado excelente na Taça Brasil, mas de repente fechou tudo. Foi quando percebi que uma equipe estruturada faz toda diferença”.

Ele conta que organizaram competições internas, training camp, e conseguiram correr na Europa enquanto o Brasil ainda estava fechado para eventos. Nesse período, Ulan conquistou a melhor colocação de um brasileiro na categoria sub-23 em um campeonato mundial, com o 14º lugar.

A estratégia provou ser muito eficiente. Com a volta das competições no Brasil, em julho deste ano, Ulan e seus companheiros de equipe, Guilherme Müller e Edson Júnior foram os três primeiros colocados na grande final da CIMTB Michelin, que aconteceu na Fazenda Sossego, entre 2 e 4 de julho. “Ter ganhado a Copa Internacional com certeza me faz acreditar que eu estou no caminho certo. Me dá ainda mais convicção no meu sonho que é representar o Brasil de forma competitiva nas Olimpíadas”, finaliza.

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CIMTB Michelin 2021

A organização da CIMTB Michelin realizou sua primeira prova em 1996. Desde então, vem inovando e contribuindo ativamente para o crescimento e fortalecimento do mountain bike e o mercado de bicicletas no Brasil. Contando pontos para o ranking mundial da União Ciclística Internacional (UCI) desde 2004, a CIMTB Michelin tem sido seletiva para os Jogos Olímpicos nos Ciclos de Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Em 2022, a CIMTB Michelin aumentará ainda mais sua relevância internacional com a realização da etapa de abertura da Copa do Mundo de Mountain Bike 2022, em Petrópolis. Além disso, foi responsável pela construção da pista de mountain bike dos Jogos Olímpicos Rio 2016, considerada uma das melhores da história dos Jogos desde 1992.

Michelin

Michelin, líder do segmento de pneus, se dedica ao desenvolvimento da mobilidade de seus clientes, de forma sustentável, criando e distribuindo os pneus, serviços e soluções mais adequados às suas necessidades; fornecendo serviços digitais, mapas e guias, para ajudá-los tornar suas viagens experiências únicas; e desenvolvendo materiais de alta tecnologia, que atendem à indústria da mobilidade. Sediada em Clermont-Ferrand (França), a Michelin está presente em 170 países, emprega 114.100 pessoas em todo o mundo e dispõe de 70 centros de produção implantados em 17 países diferentes que fabricaram 190 milhões de pneus em 2017.

Sense Bike

Parte da Lagoa Participações, a Sense Bike foi criada em 2009, com o sonho de construir uma marca de bicicletas feita por apaixonados para apaixonados, com padrão internacional, foco em desenvolvimento e indústria de ponta. Em 2014, foi inaugurada a fábrica em Manaus, que possibilitou o início da produção de quadros, bem como a montagem de bicicletas elétricas e convencionais (mountain bike, urbana e road), com o que existe de mais inovador em tecnologia. Em abril de 2018, a Sense Bike comprou a Swift Carbon Global, importante fabricante mundial de bikes em fibra de carbono, com operação industrial na cidade do Porto (Portugal).

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